Hilário Pimentel - Esporte por ai - Bicicletada: Um carro a menos
Duvido que alguém tenha esquecido daquele incidente envolvendo um motorista alucinado e um grupo de ciclistas, no Rio Grande do Sul. Naquela ocasião, este grupo de ciclistas participava de uma manifestação denominada de Bicicletada. A Bicicletada acontece em diversos países e em várias cidades brasileiras. O objetivo é o de conscientizar a população e, principalmente, os governantes de que a bicicleta pode, e deve, ser utilizada como meio de transporte alternativo para a população. Além de não poluir e de não gerar gastos alto com sua utilização, valer-se da bicicleta para deslocamentos inclusive faz bem para a saúde.
Seguem as definições da Wikipédia para a Bicicletada e massa crítica:
• A Bicicletada é um movimento sem líderes inspirada na Massa Crítica, ou Critical Mass, uma "coincidência organizada" que começou a tomar as ruas de São Franscisco nos EUA no início dos anos 90.
• Massa Crítica (Critical Mass) é um evento que ocorre tradicionalmente na última sexta-feira do mês em muitas cidades pelo mundo, onde ciclistas, skatistas, patinadores e outras pessoas com veículos movidos à propulsão humana, ocupam seu espaço nas ruas. No Brasil, Portugal e em Moçambique, há um movimento ciclístico inspirado na Massa Crítica, chamado Bicicletada.
Aqui em São Paulo, eu tenho acompanhado a Bicicletada , que acontece nas últimas sextas-feiras do mês, com largada na praça do Ciclista, situada quase na esquina da Avenida Paulista com a Rua da Consolação, local de trânsito brutal na cidade. Mas o mais louco desta história é que a Avenida Paulista representa nesta cidade, cuja grande parte da população está muito mais pautada no “ter” do que no “ser”, o poder do money (grana, bufunfa). E um dos grandes símbolos deste “ter” é justamente o carro, que nada mais é do que um símbolo de status na cidade, pois trafega-se com ele numa velocidade média muito baixa, devido aos congestionamentos. São mais de 7 milhões rodando pela cidade. Mas se você estiver com pressa, tem que ir de bicicleta, ou de moto, que trafegam por entre os carros. Mas nesta grande corrente da movimentação humana, a bicicleta é o elo mais fraco. Os ciclistas usam roupas mais leves e capacetes menos protetores do que os motociclistas, portanto são mais vulneráveis em caso de um acidente. Existem algumas leis, ou regras, de trânsito que tentam proteger os ciclistas, como a obrigatoriedade de que os veículos passem a, pelo menos, 1,5 m do ciclista. Mas na prática isso não funciona. Taxistas e motoristas de ônibus são os que mais “tiram finas” de ciclistas e isso foi, e é, comprovado por minha pessoa, quando arrisco dar uma volta de bike pelas ruas da cidade.
Voltando à bicicletada propriamente dita, o trajeto é variado e, ás vezes, surreal para a brutalidade do tráfego de São Paulo. Na de março, a mais inusitada que eu participei, atravessamos avenidas importantes da cidade,como a Paulista, a 23 de maio, a marginal, entre outras, parando-as por completo, até que todos os 600 ciclistas percorressem o trajeto. Na verdade, isso tudo é uma forma de manisfestar o desejo de muitos de viabilizar o trânsito na cidade. Os participantes entoam, durante o percurso: “Menos carro, mais bicicleta”. Afinal, uma bicicleta a mais no trânsito é um carro a menos e , consequentemente, menos monóxido de carbono na atmosfera. A reação das pessoas é a mais variada, muita gente passa buzinando para apoiar, porém muitos, se pudessem, fariam como aquele gaúcho fez naquele fatídico incidente. Pode-se sentir a raiva, frustração, enfim, estampados na cara de alguns motoristas, que passam bufando pelos ciclistas participantes da bicicletada.
Em recente pesquisa, confirmou-se que 94% dos paulistanos gostariam da construção de mais ciclovias. As atuais são precárias e não são interligadas, dificultando a locomoção pela cidade. Eu pedalei em duas. A da avenida Sumaré, que no fundo é uma pista de Cooper adaptada e com gente também correndo por ela, e a da marginal. Na ciclovia da marginal, não é possível o acesso às estações de trem da CPTM, uma vez que aos sábados à tarde e aos domingos a bicicleta é liberada em vagões de trem e metrô. Na ciclovia da marginal existem placas alertando sobre a presença de capivaras na pista (sim, apesar do fedor insuportável e da total poluição do rio, algumas capivaras sobrevivem em suas margens, não se sabe como). Eu vi a placa, enquanto pedalava, e pude notar lá longe um bicho se mexendo no meio da ciclovia. Pensei, inocentemente, ‘um filhote de capivara, tenho que tomar cuidado”. Aproximando-me do animal, vi que era um ratão daqueles que parece um gambá, e depois mais e mais ratos apareceram na pista. Sinistro.
O Código de Transito Brasileiro (CTB) diz o seguinte:
"CICLOVIA - pista própria destinada à circulação de ciclos, separada fisicamente do tráfego comum." Só que é complicado construir ciclovias, tendo que destruir o que já está feito. Enfim, na verdade a presença das bicicletas nas grandes cidades brasileiras está tornando-se cada vez mais comum, mas é um trabalho a longo prazo, que depende, principalmente da conscientização da sociedade como um todo, observando-se a necessidade de sanarmos diversos problemas causados pelo excesso de veículos nas ruas, como a poluição, trânsito e violência gerada por veículos.
Porto Seguro
Em Porto Seguro, guardadas as devidas proporções, podemos dizer que ocorra a bicicletada diariamente em função da necessidade de parcela da população locomover-se até seus locais de trabalho. Brava gente porto-segurense que desloca-se dos bairros periféricos em direção à orla norte, e também rumo ao Arraial, para cumprir uma jornada de trabalho pesado e, no final do dia, retornar para suas casas, e tendo ainda que subir a ladeira do Outeiro da Glória como carga final. Esta movimentação, utilizando-se a bicicleta, tem, fundamentalmente, um papel econômico, ou seja, ninguém está preocupado com trânsito ou poluição, mas sim uma necessidade de salvar o valor da condução, que, no final do mês, faz uma diferença.
Mas também existe na cidade o fator passeio, onde muitas pessoas utilizam as bicicletas para dar aquele role despreocupado, mas nem tão despreocupado assim,pois pedalar na avenida Beira-mar não é qualquer coisa não. A ciclovia (pelo menos enquanto eu estava aí) só levava até o hotel de João Carlos, daí pra frente é na sorte, pois o acostamento é muito irregular, isso quando ele existe. Se conectasse a ciclovia, pelo menos, até a entrada do Mundaí, quando os ciclistas poderiam optar pela rua do Telégrafo (onde o maior risco seria ‘somente’ os possíveis assaltos) , facilitaria a vida de todos. Mas o maior desafio é unir a atual (e curta) ciclovia de Porto Seguro com a de Cabrália, possibilitando o fluxo, inclusive, de turistas pela orla norte. Quem sabe um dia...
Um salve a todos os ciclistas da cidade, que organizam as manifestações do “Ciclovia JÁ”, e ao meu amigo Jurandy, um incansável batalhador do esporte em Porto Seguro.
Mias informações pelo site: www.bicicletada.org
Infelizmente na minha cidade o trânsito caótico ameaça a vida dos ciclistas, pq quase não existem ciclovias e os motoristas não respeitam...Aliás, o desrespeito vem de ambos os lados pq ciclistas circulam ente carros, não usam equipamentos,etc.
ResponderExcluirMas acredito que a reeducação no trânsito, uma maior fiscalização e punições para motoristas e ciclistas que desrespeitam as regras podem mudar as coisas.