Tudo começou com a pequena imagem de
Nossa Senhora trazida pelo explorador Tomé de Souza
e os primeiros jesuítas que aqui chegaram


Imagem de Nossa Senhora d'Ajuda
Grande parte das devoções surgidas no século XVI em Portugal, principalmente em homenagem à Nossa Senhora, chegaram às colônias com as expedições marítimas.
A coroa portuguesa organizava festejos e celebrações com o fim de abençoar a saída de militares e marinheiros que iriam enfrentar o desconhecido em mar aberto, principalmente o Atlântico. Essas incursões tinham o objetivo de expandir o império com domínio de novas terras, explorar o comércio de especiarias no Oriente e levar o cristianismo aos povos considerados infiéis. As caravelas e naus até traziam nas velas a Cruz de Copta, símbolo da Ordem dos Cavaleiros de Cristo, destemidos defensores do cristianismo desde a Idade Média.

Esse envolvimento religioso, que tomava conta do povo português, continuou fazendo parte do universo de colonizadores e colonizados durante séculos, chegando até os dias atuais, principalmente no Brasil. Perpetuaram, por exemplo, as invocações de origem portuguesa à Nossa Senhora da Boa Esperança, do Amparo, da Boa Viagem e da Ajuda dos navegantes, entre dezenas de outras. Essas estão particularmente relacionadas às longas e perigosas travessias marítimas, durante as quais navegadores e marinheiros apelavam à Virgem Maria com medo do desconhecido, de tempestades, corsários e piratas.

No caso de Nossa Senhora da Ajuda, o título tem a ver principalmente com o momento da morte de Cristo na cruz. Enquanto ele oferecia sua vida pelos homens, Nossa Senhora colocava-se como “da ajuda” e intercessora dos pecadores.

Conforme informações históricas, logo que padre Manuel da Nóbrega colocou a imagem trazida por Tomé de Souza no altar, começaram os milagres. O que mais chamou a atenção foi o da fonte sagrada. Durante a construção de uma segunda casa, os padres jesuítas escavavam o solo com muita dificuldade, em busca de água sem nada encontrar. Então dirigiram preces à Virgem Maria, pedindo sua ajuda. Vários autores relatam o fato, entre eles Anchieta: “Um sussurro brando de água jorrou milagrosamente de uma fonte, fora do frontispício da igreja, ao pé de uma frondosa árvore, quando o padre Francisco Pires celebrava a missa”.
A notícia divulgada pelos jesuítas espalhou-se por todas as capitanias, influenciando a peregrinação de centenas de pessoas. O próprio padre José Anchieta, antes de partir da Bahia rumo à Capitania de São Vicente e às terras de Piratininga, atestou o poder de cura do líquido, registrando que muitos romeiros iam buscar a água para terem saúde.


Arrail d'Ajuda
Invocação no Brasil

Sua história começa na Bahia, mais precisamente no Arraial da Ajuda, em 1549 com a chegada de Tomé de Souza, governador-geral do Brasil, e dos cincos primeiros jesuítas, entre eles o padre Manuel da Nóbrega, que desembarcaram das naus Conceição, Salvador e Ajuda, cujos nomes deram mais tarde origem a cidades e igrejas no Estado baiano.

Soldados e marinheiros tinham o costume de invocar Nossa Senhora da Ajuda na ermida da praia do Restelo, em Lisboa, antes de embarcar, onde sua imagem havia sido encontrada milagrosamente. Várias naus lusas foram colocadas sob sua proteção. Ao ancorar na Costa do Descobrimento, em 1549, Tomé de Souza também trazia com a frota uma delicada imagem de cerca de 30 centímetros.

Foi assim que, em homenagem ao navegador, os jesuítas deram início, em 1550, ao erguimento do Arraial, construindo uma pequena capela de paus, ramos e coberta de folhas de palmeira. Antes, no local, só havia um planalto, onde se plantava cana-de-açúcar.

Mais de um século depois, a igreja, que chegou a abrigar a Sé da Bahia, passou por um processo de reconstrução em que foram aproveitados os altares e colunas, assim como o púlpito e o confessionário.

Arraial d‘Ajuda

Descoberto na década de 70 e, hoje, um dos locais mais visitados por turistas, o Arraial está localizado na região do descobrimento, a alguns quilômetros antes de Porto Seguro e da praia da Coroa Vermelha, no município de Santa Cruz de Cabrália, onde se lembra a primeira missa rezada no Brasil.

Além dos índios tupiniquins, na época do descobrimento, e, atualmente, dos pataxós, o Arraial recebeu influências culturais de portugueses, negros, franceses, holandeses, ingleses e espanhóis, e do ciclo da cana-de-açúcar e do cacau.

FONTE MILAGROSA

Conforme informações históricas, logo que padre Manuel da Nóbrega colocou a imagem trazida por Tomé de Souza no altar, começaram os milagres. O que mais chamou a atenção foi o da fonte sagrada. Durante a construção de uma segunda casa, os padres jesuítas escavavam o solo com muita dificuldade, em busca de água sem nada encontrar. Então dirigiram preces à Virgem Maria, pedindo sua ajuda. Vários autores relatam o fato, entre eles Anchieta: “Um sussurro brando de água jorrou milagrosamente de uma fonte, fora do frontispício da igreja, ao pé de uma frondosa árvore, quando o padre Francisco Pires celebrava a missa”.

A notícia divulgada pelos jesuítas espalhou-se por todas as capitanias, influenciando a peregrinação de centenas de pessoas. O próprio padre José Anchieta, antes de partir da Bahia rumo à Capitania de São Vicente e às terras de Piratininga, atestou o poder de cura do líquido, registrando que muitos romeiros iam buscar a água para terem saúde.

Festa da Padroeira

A imagem milagrosa trazida por Tomé de Souza encontra-se atualmente no altar na parte superior deste templo do século XVI, que se transformou no mais antigo santuário mariano do Brasil, sob responsabilidade dos Missionários Redentoristas. Romeiros do Estado da Bahia e do interior de Minas Gerais continuam vindo anualmente, inclusive fazendo visitas à Fonte Sagrada (ver quadro), que se localiza a alguns metros do santuário.

“Essa religiosidade popular, desde o início da evangelização no País, teve importância para o povo e para a Igreja”, reconhece o padre Carlos Kaminski, reitor do Santuário de Nossa Senhora d`Ajuda. Segundo ele, é dessa forma que os fiéis expressam sua relação com Deus, com a natureza e o ambiente em que vivem. A Igreja sempre tenta respeitar o sentimento do povo, que por meio dessas devoções identifica sua vida com a de Cristo e Nossa Senhora.

Todos os anos, os padres Kaminski e Rosivaldo Mota organizam a festa em homenagem à padroeira do Arraial, por ocasião da Assunção da Virgem Maria. Romeiros, nativos, turistas e, principalmente, indígenas participam de todos os festejos que começam no dia 6 de agosto com a novena.

Depois acontece a alvorada, uma antiga tradição do lugar, cuja finalidade é anunciar a festa, despertando os fiéis, ao amanhecer, com repique de sinos, fogos e procissão de velas. No dia 15, são celebradas várias missas festivas e, às 15 horas, centenas e centenas de pessoas seguem a procissão pelas principais ruas do Arraial. Com cantos e orações alegres, padres, comunidade e romeiros acompanham outra imagem do século XVIII, que lembra Nossa Senhora do Amparo.

Tanto a imagem original que permanece na igreja como esta que sai em cortejo representam a Virgem Maria de pé com o Menino Jesus no braço esquerdo, cetro na mão direita e ambos coroados. A última missa é de despedida dos romeiros e acontece no final do dia, quando sol se põe.


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