Este é um período que agita a mente e os corações de muita gente ainda.
Mas noto que não pelos mesmos motivos.
Ainda lembro como meu pai ficava barbudo na quaresma. Mesmo com a barba muito rala, a feição mudava. Ficava sério a maior parte do tempo. E em silêncio.
Dizia que não cortava a barba que era pra evitar algum possível corte. Um perigo nesse período. Podia “arruinar”, dar até tétano...
A quaresma era pra ser guardada como lembrança de todo o sofrimento de Cristo.
Pra mim era um saco. Não poder brincar de arco e flechas. Caçar com estilingue. Brigar na rua. Um saco mesmo. Os outros moleques não entendiam essas coisas de estrangeiros. Ai me provocavam. Chamavam pra briga. Sabiam que eu não podia reagir. Meu pai não deixava fazer pecados na quaresma.
Não me lembro de ovos de páscoa, de bacalhaus, de peixes e outras coisas usadas pra lembrar que eram quarenta dias de segurar as pontas. Frear as vontades. Ficar em maior silêncio possível...
Não poder comer carne nem era a preocupação. Quase nunca a comíamos mesmo. Em compensação, minha mãe preparava as pizzas tão cheirosas que até os vizinhos vinham saber de que se tratava.
As macarronadas no domingo, feitas com os “fuzilli” que eu ajudava a fazer... coisa simples: um pedaço de vareta de guarda-chuva enrolava os retalhos de massa até virar um parafuso de uns dez centímetros; jogava na bacia com farinha...Pronto !!!
A água fervia no caldeirão com lenha suficiente para o fogo ficar bem alto. A pressa era tributaria da fome.
Enquanto isso, o molho de tomates, com alho, cebolinha e salsinha do quintal, ia ficando apurado.
A mesa posta. Meu pai na cabeceira. Minha mãe à sua esquerda. Eu á direita dele. Meus irmãos, uma escadinha, se arranjavam no banco de madeira de qualquer jeito.
Um silencio interminável antes do “pronto. E mangiate in silenzio”.
Mas o que me mais me intriga é que meu pai nunca foi religioso. Sempre foi um comunista convicto de que a religião é o ópio do povo.
Por isso acho que já não se fazem mais páscoas como antigamente.
Mas noto que não pelos mesmos motivos.
Ainda lembro como meu pai ficava barbudo na quaresma. Mesmo com a barba muito rala, a feição mudava. Ficava sério a maior parte do tempo. E em silêncio.
Dizia que não cortava a barba que era pra evitar algum possível corte. Um perigo nesse período. Podia “arruinar”, dar até tétano...
A quaresma era pra ser guardada como lembrança de todo o sofrimento de Cristo.
Pra mim era um saco. Não poder brincar de arco e flechas. Caçar com estilingue. Brigar na rua. Um saco mesmo. Os outros moleques não entendiam essas coisas de estrangeiros. Ai me provocavam. Chamavam pra briga. Sabiam que eu não podia reagir. Meu pai não deixava fazer pecados na quaresma.
Não me lembro de ovos de páscoa, de bacalhaus, de peixes e outras coisas usadas pra lembrar que eram quarenta dias de segurar as pontas. Frear as vontades. Ficar em maior silêncio possível...
Não poder comer carne nem era a preocupação. Quase nunca a comíamos mesmo. Em compensação, minha mãe preparava as pizzas tão cheirosas que até os vizinhos vinham saber de que se tratava.
As macarronadas no domingo, feitas com os “fuzilli” que eu ajudava a fazer... coisa simples: um pedaço de vareta de guarda-chuva enrolava os retalhos de massa até virar um parafuso de uns dez centímetros; jogava na bacia com farinha...Pronto !!!
A água fervia no caldeirão com lenha suficiente para o fogo ficar bem alto. A pressa era tributaria da fome.
Enquanto isso, o molho de tomates, com alho, cebolinha e salsinha do quintal, ia ficando apurado.
A mesa posta. Meu pai na cabeceira. Minha mãe à sua esquerda. Eu á direita dele. Meus irmãos, uma escadinha, se arranjavam no banco de madeira de qualquer jeito.
Um silencio interminável antes do “pronto. E mangiate in silenzio”.
Mas o que me mais me intriga é que meu pai nunca foi religioso. Sempre foi um comunista convicto de que a religião é o ópio do povo.
Por isso acho que já não se fazem mais páscoas como antigamente.
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