A campanha “Vá ao Teatro e me leve junto”, do Adriano “Pirata” Cutrim se aprimora e nos brinda com algumas excelentes peças colocando Porto no mapa do teatro nacional. A inequívoca prova disso é a reestreia nacional do espetáculo Alice & Gabriel, a passagem da turnê comemorativa da Cia Baiana de Patifaria, A Bofetada e daqui a alguns dias O Retrato de Dorian Gray, este um espetáculo internacional.

Quem perdeu Alice e Gabriel ou outros espetáculos da Campanha, é possível redimir-se dessa heresia, e com um fantástico espetáculo: A Bofetada. Em cartaz nesse final de semana no Centro de Cultura. A Bofetada é um espetáculo leve e aonde rir não é pecado, por sinal, o compromisso do elenco e de seu diretor é senão outro, que fazer o público rir, e acreditem, eles conseguem atingir muitíssimo bem esse objetivo. Contudo, o espetáculo não é mais uma simples comédia, o qual trinta minutos após sair do teatro esquecem-se o que foi dito pelos atores e do que se riu, caindo facilmente no esquecimento e quando muito ficando apenas na memória o título.

Três, são o número de esquetes (cenas curtas) da qual o espetáculo é composto. E que possui como elo, a discussão do teatro dentro do teatro. Na primeira, “O Calcanhar de Aquiles”, podemos ver uma deliciosa crítica aos críticos e a vanguarda teatral. O texto escrito por Mauro Rasi (Pérola, A Dama do Serrador etc.) a esquete confronta uma crítica de teatro com uma atriz disposta a interpretar, sozinha, 60 personagens de uma tragédia grega. Miguel Magno e Ricardo de Almeida escrevem as duas cenas seguintes. “O Ponto e a Atriz” outra cena aonde se vê o fazer teatral e de certa forma o talento e a capacidade dos atores e finaliza (infelizmente) com “Fanta e Pandora”, esta ultima uma deliciosa cena aonde as “loucas” professoras Fanta Maria e Pandora, dão ao público uma improvável aula sobre a influência de dois fonemas do teatro javanês.

Os textos escritos há mais de 30 anos, apelam para o que nos anos 80 recebeu o nome de Teatro Besteirol, o qual Mauro Rasi, Miguel Magno, Ricardo de Almeida, Miguel Falabella, Vicente Pereira entre outros, são os responsáveis por esse gênero que incorpora referências diversas do cotidiano para montar uma sátira do comportamento da sociedade, possuindo um humor anárquico. O cotidiano transformado em humor não é problema para a Companhia Baiana de Patifaria, que é o decorrer dos seus 24 anos especializou-se nesse tipo de coisa, haja vista o rico vocabulário e expressões populares utilizadas em cena e adotados pelo publico, tais como: “Oi, qui é qui ai”; “Como é que vai, tá boa?”; “ Adorei milhões”; “ hoje eu tô tão tão que nem nem”; e o bordão famoso “é a minha cara”.

Quase duas horas, é o tempo em que os 4 atores Jarbas Oliver, Nilson Rocha, Alexandre Moreira e Lelo Filho, (que também assina a direção de montagem), se revezam na composição de vários personagens, e levam para o palco o cotidiano aonde se apresentam através de improvisações recheadas de referências locais – marca registrada da Cia. Baiana, ocasionando assim uma maior comunicação com o público que diverte-se a cada pérola dita pelo elenco. A Bofetada é certeira no mau humor de quem está na plateia. Redima-se com um monte de riso e além de prestigiar os espetáculos da Campanha, aproveite e vá aos espetáculos de Porto, assim o teatro e a cultura em Porto Seguro só aumentam e todos tem a ganhar com isso.

Evento: A Bofetada (Teatro – Comédia)
Quando: Sábado e Domingo
Horário: 20:00h
Quanto: 40,00 Inteira e 20,00 meia


Texto: Rod Pereira
Foto: Yasmin Muller

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