Este texto trata-se, no possível, de questionamentos com embasamentos. Questionam-se as competências e habilidades exigidas nos dias atuais pelo mercado profissional em um contexto geral, independente de área de atuação. Sabe-se que se pede, quiçá, se exige certas competências e habilidades para uma atuação profissional com vistas à excelência.
Destarte, o Antropólogo, Consultor e Professor Luiz Marins, em um de seus textos, destaca a essencialidade da excelência e a trata como um vírus, e ressalta que “[...] Não basta ter qualidade. É preciso exceder, ser excelente!”. No mesmo texto, o autor apresenta um significado à palavra excelência, “vem de excellere (latim) ex = além, acima, + cellere = alto, torre”. Nota-se que excelente é estar além das possibilidades de qualidade, ou como menciona o autor “uma pessoa ou coisa excelente é aquela que é ou está acima ou além dos limites comuns”. E o tal vírus da excelência citado por Marins “[...] é benigno. [...] ele soma e multiplica ao invés de subtrair e dividir. O vírus da excelência aumenta a autoestima e, como num círculo virtuoso, torna as pessoas inconformadas com a baixa qualidade”.
Em tempos atrás as competências técnicas significavam as qualidades de um profissional, e o raciocínio lógico aferia o nível de inteligência. Até o escritor e psicólogo Daniel Goleman propor nova discussão sobre o tema, com sua publicação “Inteligência Emocional”. E atualmente, o domínio de aptidões de naturezas comportamentais é exigência, e, podem representar diferencial competitivo no desempenho de uma profissão.
Diante do exposto podem-se observar duas áreas de competências profissionais, as técnicas e as comportamentais. A primeira trata-se de procedimentos específicos em cada atividade, por exemplo, para um músico, conhecimento e domínio de notas musicais são de grande valia. A segunda área supracitada versa sobre as aptidões relacionadas ao comportamento humano, “Competências comportamentais: a chave para a excelência profissional”, título de um texto de Gerardi Pereira, mágico e palestrante motivacional, explicita o exposto.
No texto, G. Pereira lista sete competências, consideradas pelo o autor, exigidas atualmente. A primeira é a capacidade de desenvolver várias tarefas ao mesmo tempo, a isso o autor chama de profissional Multitarefa. Outra característica citada é a Criatividade, e destaca, “As empresas querem, em seus quadros, pessoas criativas capazes de dar novas respostas para antigas questões, que não ficam presas a soluções usuais, que ousam, que não se limitam ao conhecimento que possuem, para realizar algo”. Empatia; Gosto por desafios, “Afinal, somos constantemente desafiados”; Resistência a pressão; Comunicação eficaz; e, Bom Humor, pois “Quem cultiva o bom humor, tende a prestar mais atenção naquilo que há de bom nas coisas”, são características citadas pelo autor.
A exigência de certas competências passa pela necessidade de cada situação, ou organização, ou projeto, mas não passa pela necessidade de relacionar com pessoas. E uma conhecida frase de Walt Disney, corrobora com o mencionado, “Você pode sonhar, projetar, criar, e construir o lugar mais maravilhoso do mundo, mas é preciso pessoas para tornar o sonho realidade”. Idalberto Chiavenato, renomado autor na área de administração e de gestão, recomenda “Promover as diferenças individuais, incentivar a diversidade e permitir que cada pessoa se realize dentro de suas próprias características de personalidade, fazendo da organização o meio mais adequado para que isto possa acontecer”.
Outro aspecto notável é em relação à inter-relação das coisas e causas e efeitos. A educação vem percebendo a necessidade de se ensinar com contornos interdisciplinares, ou seja, a tendência de hipertextos, wikis, redes, cooperativas, e outros fenômenos de inter-relação são constatáveis. O Professor Dr. Holgonsi Soares Gonçalves Siqueira, apresenta um artigo, o qual trata de uma formação interdisciplinar e lança como “exigência sóciopolítica para um mundo em rede". O autor oferece uma citação de Pierre Lévy, conhecido como filósofo da informação e que estuda a sociedade em um mundo em rede, "Trabalhar, viver, conversar fraternalmente com outros seres, cruzar um pouco por sua história, isto significa, entre outras coisas, construir uma bagagem de referências e associações comuns, uma rede hipertextual unificada, um contexto compartilhado, capaz de diminuir os riscos de incompreensão".
O entendimento é que, como afirma o Dr. H.S.G.Siqueira “em um mundo em rede, as ações afetam o ‘mundo-como-um-todo’". E complementa, “entendo que somente uma formação interdisciplinar é capaz de nos dar subsídios para enfrentarmos os grandes problemas que afligem a humanidade [...], e assim projetarmos novas alternativas tanto para os novos problemas como para a intensificação dos antigos no espaçotempo em que vivemos”. Ao considerar essa característica, o autor recomenda que “algumas mudanças radicais se fazem necessárias nos atuais espaços educativos formais para se trabalhar com o objetivo de uma formação interdisciplinar”, e o autor resume “[...] uma formação interdisciplinar só será possibilitada por estruturas educacionais que não sejam norteadas pelos princípios dos sistemas fechados (característicos da modernidade, que só transmitem e transferem), mas sim pelos princípios dos sistemas abertos (característicos da pós-modernidade e que têm a mudança por essência)”.
A questão levantada ganha importância diante do panorama dinâmico que se apresenta o competitivo mercado profissional, e o professor José Predebon certifica que “A experiência vai perdendo valor, enquanto a capacidade de conviver e/ou promover a mudança assume destaque”. O autor que teve a oportunidade de qualificar professores da ESPM para lecionar criatividade e inovação ressalta “Pessoas criativas e agentes de mudanças serão os donos do terceiro milênio, sejam quais forem suas variáveis”.
Somam-se esses pontos com o imperativo de conhecer as exigências em cada área de atuação profissional. Sun Tzu, general, estrategista e filósofo chinês deixou em tiras de bambus fragmentos de uma filosofia de guerra, e, frequentemente citadas em publicações sobre estratégias, reforça “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas, não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo, nem a si mesmo perderá todas as batalhas”.
Sobretudo, à uma atuação profissional com qualidade/excelência, possivelmente, seja fundamental gostar do que faz, como diz o dito popular “quando você faz o que gosta, não precisa trabalhar”. O filósofo grego Aristóteles, sentencia “O prazer no trabalho aperfeiçoa a obra”. E o assunto não se encerra, e sim, se estende a medida da necessidade do aperfeiçoamento profissional.
Christian Portugal Leite é Tutor da Universidade Salvador – UNIFACS, e, consultor de empresas.
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