Cooperar é a palavra chave nos dias de hoje. Porém, nossa cultura é sitiada e moldada pela competitividade condicionada desde a infância, e, que se acentua no decorrer do tempo. E assim, a escola fomenta a competição; para se ingressar na faculdade mais competição, e, no mercado de trabalho a competição é exigida de modo até feroz, alimentada pelo capitalismo moderno, tema amplo de discussão que até está no mérito da questão, mas que não convém neste texto mencionar.
Em uma de suas obras Reinaldo Soler, professor e autor de livros, adverte: “o querer vencer a qualquer custo, acumular mais riqueza do que se precisa e o individualismo tornaram-se para o homem moderno muito mais importantes do que o amor, a amizade, a cooperação, a paz e a responsabilidade” (Soler, 2005, p. 21). Pode-se perceber que a prática e o exercício da cooperação são fundamentais.
Por meio da prática é possível transformar e minimizar os efeitos desse condicionamento competitivo. E a primeira condição necessária para aprender a cooperar é compreender que a cooperação “é uma arte que seduz, emociona e humaniza”, como afirma Reinaldo Soler. Interessantemente a palavra competição possui sua raiz latina no termo competere, que significa, justamente, esforçar-se para obter algo junto, empenharem-se juntos, no qual se aproxima muito do significado da palavra cooperação que quer dizer operar junto ou negociar para chegar a um acordo que pareça adequado a todos os envolvidos.
A proposta é exercitar e promover a convivência para tentar transformar este âmbito de competição a um sentido de Com-viver 'viver com os outros', e, de incentivar a prática da cooperação onde se pode entender Com-vencer 'trabalhar com os outros'. Outro autor, chamado José Predebon, afirma que poucos ganhos do conhecimento poderão acontecer daqui para adiante fora do trabalho em equipe, e, os resultados serão muito mais eficientes se não lutar em causa própria. O poeta Mirabeau complementa esse pensamento com a afirmação que “o homem só é forte pela união e feliz pela paz”.
A UNESCO propôs a partir do ano 2000 criar uma cultura da paz com algumas atitudes: respeitar todas as vidas; rejeitar a violência; partilhar a generosidade com o objetivo de pôr fim a exclusão, a injustiça e a opressão política; privilegiar a capacidade de ouvir; promover um consumo responsável e contribuir para o desenvolvimento da sua comunidade.
Deve-se entender que o processo é lento e progressivo, pois o condicionamento competitivo está cristalizado e o resultado demora a chegar e “devemos trabalhar para que seres humanos confiantes, cooperativos e felizes não se tornem uma espécie ameaçada de extinção” (Terry Orlick). Afinal competir é importante, mas cooperar é fundamental.
Christian Portugal Leite é Tutor da Universidade Salvador – UNIFACS, e, consultor de empresas.
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