A política está contida na dimensão da consciência humana, na vida de relação, mas a responsabilidade do administrador público deve sobrepujar ímpetos populistas
Por Pedro Ivo Rodrigues
Segundo o filósofo renascentista Niccolò Maquiavel (1469-1527), o que move a política é a luta pela conquista e manutenção do poder. No período em que viveu o pensador, a política deixou de ser associada ao sobrenatural e passou a ser vista como algo intrinsecamente humano, afinal o humanismo estava em voga, contrariando o teocentrismo até então dominante.
Na realidade, nada pode ser mais humano do que a política. Todos somos políticos em nosso dia-a-dia; a utilizamos em todas as nossas relações interpessoais. Só os ermitões e os doentes mentais graves é que não são políticos. Até os presidiários são extremamente políticos, vide as estruturas de poder às quais estão submetidos e também as que eles próprios criam no ambiente em que estão confinados.
O sabor e o preço do poder
O poder, essa palavra mágica que define algo mais saboroso do que a mais fina iguaria e mais cobiçado do que o ouro, é o que define o nosso papel na sociedade. Entre os animais, o poder é do mais forte, que se torna o líder do bando e que se alimenta com as melhores partes da refeição e se acasala com o maior número de fêmeas. O leão, ao ser vencido por outro, se retira do bando, pois sabe que ali não há mais lugar para ele. Quando velho e solitário, acaba morto por inimigos naturais, como as hienas, que não ousariam enfrentá-lo em outros tempos. É o preço da derrota.
Entre humanos, a força física já deixou de ser um fator primordial nesse quesito há muito tempo. A dominação é predominantemente econômica e social. Por isso, é quase impossível acabar com a corrupção. Grandes empresários e políticos necessitam de muito dinheiro para se manter no topo da pirâmide e com isso usufruir das benesses inerentes à sua posição. Até vejo com reserva o julgamento do Mensalão. Longe de mim defender os acusados, mas se for para prender quem recebe dinheiro público de forma irregular, então tem que se prender um sem número de empresários que mamam no BNDES, artistas bancados pelo Ministério da Cultura, diretores de ONGs, fundações, associações, etc. Há mais política do que justiça nesse julgamento.
Ser pobre agora é “chique”
Com a ascensão de partidos pretensamente esquerdistas (isso ainda existe?), os pobres, que desde os primórdios da colonização foram oprimidos e marginalizados no Brasil, passaram a ser a grande “estrela” dos governantes. Todas as políticas públicas são para eles. O governo de Dilma Rousseff chegou ao cúmulo do cinismo ao divulgar estatísticas sobre a “nova classe média”. De acordo os números divulgados, quem recebe (pasmem!) pouco mais de R$ 200,00 por mês é considerado classe média e quem ganha em torno de R$ 1.100, 00 é “classe alta”. Eu não sei se isso é motivo para rir ou para chorar. Só pode ser um deboche para com a inteligência do cidadão.
Porto Seguro não é só a periferia
No caso de Porto Seguro, espero que a prefeita eleita dê uma atenção especial à Orla Norte, ao centro da cidade e aos distritos de Arraial d´Ajuda e Trancoso, tão importantes para o turismo, carro chefe da nossa economia. Com todo respeito à população dos bairros periféricos, onde moram os trabalhadores que movimentam a cidade, mas Porto Seguro não se resume ao Baianão e à zona rural. É prejudicial ao município a realização de obras e serviços públicos apenas onde o gestor pode obter votos. Não estou culpando este ou aquele prefeito, pois isso é uma prática antiga, mas o que se percebe é que a sociedade local almeja respirar os ares de um novo tempo.
Pedro Ivo Rodrigues é jornalista, formado em Comunicação Social, pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). E-mail:[email protected]
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